terça-feira, 26 de outubro de 2010

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Orla de Macapá - Outro olhar

DSC05896_menor DSC05865_menor  DSC05884_menor DSC05885_menor DSC05895 - menor A Orla de Macapá já fez pose para muitos fotógrafos. Profissionais e amadores se posicionam todos os dias para colher “a imagem”. Juvenal Canto conseguiu capturar ângulos inusitados num dia de maré seca.

A beleza das falésias sobre as quais pousa a magnífica Fortaleza de São José de Macapá. Fortaleza sobre pedra. Rigidez e encanto. Sinuosidade, brilho, sombra, cor.

O trapiche derramado sobre o rio Amazonas imponente. Sim, Macapá tem encantos e magias inexploradas. É preciso ter “olhos de ver”. (Fotos de Juvenal Canto)

Publicado no Batuque, caderno de cultura do Jornal Correio do Amapá de domingo, 25/10/10.

Recortes Poéticos

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Publicado no Batuque, caderno de cultura do Jornal Correio do Amapá de domingo, 25/10/10.

Macapá, Cidade de Sons e Sonhos

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angela nunes Vem de longe, muito longe, do tempo dos encantados e pureza, os sons da floresta.

Na aldeia Tucuju, em noites de lua – cheia ou nova, pouco importa! – o ritual espraiava ritmos pela noite.

Louvores ou temores chegaram até nós através dos maracás e flautas. E o canto indígena, que marcava a cadência dos pés, perpetuou-se na memória coletiva.

Ladainha e festa de santo chegaram pelo rio. Novos sons, nova gente. O branco e sua cultura fincaram pé na floresta. Balbuciava uma cidade...

Pele negra, força bruta. O terror e a ternura manifestaram-se nos tambores, nos batuques. A distante África não ficava tão distante assim quando os corpos explodiam na sensualidade da dança. Os deuses chegavam mais perto chegavam mais perto e a tristeza era levada mar-abaixo ou rio-acima. Da noite ao dia, do ontem ao hoje, a floresta e as pedras do forte registraram tudo.

Três culturas ímpares às margens do mesmo rio... O Amazonas piscou um olho cúmplice e a proximidade, a gentileza, o calor... Deu no que deu: do caldeirão genético saltaram caboclos, cafuzos um tanto confusos com a mistura, mulatos... brasileiros!

O 4 de fevereiro de 1758 marcou o assentamento definitivo – registrava-se a cidade: MACAPÁ, estância das macabas, terra do sol e da chuva, de vegetação exuberante, de gente meiga e tenaz.

Da tribo Tucuju, a primeira a habitar estas paragens, restou o espírito guerreiro. Dos brancos, a ousadia, o gosto pelo novo. Dos negros, a força da raça. De todos eles – os sons e a capacidade de sonhar.

Macapá é um relicário de sons. Os ritmos da história estão no ar, nas árvores, na terra batida, nas pedras, no rugido da pororoca, no canto dos pássaros.

A gente sensível desta terra recupera, hoje, o que sempre esteve dentro dela. Capturados em CDs, sons explodem em múltiplos sonhos. Certamente, não os mesmos de espanhóis, franceses ou portugueses! Mas os eternos sonhos de construção de uma sociedade digna, onde todos possam crescer e amar.

Publicado no Batuque, caderno de cultura do Jornal Correio do Amapá de domingo, 25/10/10.

O Furacão Cultural Keila Kendra

 keila_ Keila Kendra é uma artista completa. Além de coreógrafa, atriz e marcadora de quadrilha, é uma das mais conceituadas locutoras de rádio Estado do Amapá. Atua ainda em diversos projetos de cunho cultural município de Santana.

Keila Oliveira de Souza Santiago, conhecida no meio artístico como Keila Kendra, iniciou sua carreira aos dois anos de idade, quando participou um festival de dança do SESI/AP. Aos três anos recebeu prêmio como a melhor dançarina de jazz em um festival de dança no Rio de Janeiro.

Durante a infância e adolescência, além do jazz e do balé clássico, Keila começou a interessar-se pelas artes cênicas. Estas atividades a levaram a desenvolver outras habilidades ligadas ao segmento cultural.

Keila Kendra é a única mulher marcadora de quadrilha no Estado do Amapá, atividade que desenvolve desde 1992. Este ano marcou a Simpatia Junina.

Especializou-se em locução de rádio AM/FM na Rádio Transamérica. Graduou-se em Educação Física na Universidade de Santa Catarina. Fez especialização em Dança Pós-Moderna no Canadá e na Rússia. Foi aluna de Débora Cocker, coreógrafa do Circo de Soleil, reconhecida mundialmente.

Em março do ano passado, Keila retornou ao Amapá e atualmente apresenta o programa de rádio “Território Tarumã”, que vai ao ar de segunda à sexta-feira, das 14h às 17h, na Rádio FM Tarumã. O programa é direcionado para os ouvintes de amam a Música Popular Brasileira, em especial, a Música Popular Amapaense.

Keila estará em cartaz, brevemente, com a peça “Que Palhaçada é essa?”, no Teatro das Bacabeiras. A peça é destinada ao público infantil e é apresentada por dois palhaços: Farofa (Keila Kendra) e Firula (Wanderley Costa).

Participa do Projeto Mais Educação na Escola Municipal Padre Fúlvio, no bairro Fonte Nova, município de Santana, onde ensina dança, pintura e desenho artístico aos pequenos alunos.

A santanense faz parte do Projeto Grito pela Cultura, juntamente com Sandro (Amigos da Toada de Macapá) e Macedo (Grupo de Dança Swing Tropical). Neste projeto, atua como apresentadora do evento, que é realizado uma vez por mês na Praça Cívica de Santana. O Projeto tem o apoio do empresário santanense Mário Brandão e está aberto a outros patrocínios.

Keila está preparando o Grupo de Dança Swing Tropical para participar do XII FEMDAE – Festival de Música e Dança Estudantil, realizado pela Escola Estadual Zolito Nunes. O grupo concorrerá nas categorias popular e moderna e apresentará a coreografia “Conto de Sonhos e Fantasia Jovem”. O Grupo de Dança Swing Tropical representará a Escola Estadual José Ribamar Pestana.

Keila foi convidada a chefiar, no Amapá, o projeto “Enciclopédia Cultural da Amazônia” que objetiva registrar viagens, fotos, costumes e crenças do povo amazônico. O material será disponibilizado em TV (canal fechado), na internet e em livros com 13 idiomas.

Publicado no Batuque, caderno de cultura do Jornal Correio do Amapá de domingo, 25/10/10.

NO PRELO

“Mistério da Pedra”, obra literária do professor Antonio Ilson

Antonio Ilson_escritor Especialista em lingüística e mestre em Ciência da Educação, Antonio Ilson é professor de Língua Portuguesa, diretor da Escola Estadual Augusto Antunes e professor de técnicas de redação da Fundação Desafio Amazônico. Atualmente ministra aulas da FAMAT – Faculdade Madre Tereza.

No desenvolvimento de sua atividade pedagógica, é um dos grandes responsáveis por incontáveis aprovações de santanenses em vestibulares, sem contar as inúmeras aprovações em concursos públicos a nível municipal, estadual e federal.

O renomado professor santanense vem de uma família humilde, porém, tinha sonhos e planos, o que o levou a buscar profissionalizar-se no Pará, onde se graduou pela Universidade Federal do Pará – UFPA, seguindo o caminho de outros tantos amapaenses determinados que partiram em busca do conhecimento quando não havia faculdade no Amapá e retornaram para contribuir com o desenvolvimento do Estado do Amapá.

Hoje, Antonio Ilson é reconhecido na área da Linguística no Estado do Amapá e há seis anos dedica-se a uma nova empreitada: lançar-se no mundo dos autores de obras literárias amapaenses.

“Mistério da Pedra” é o título do livro a ser lançado ainda este ano. A obra relata a história de um romance vivido na Região Amazônica. O foco principal da obra são as histórias que giram em torno dos curiosos personagens lendários, o “Boto” e a “Pedra do Rio”, aquela que fica em frente a capital Macapá, ao lado do Trapiche Eliezer Levi. Segundo a lenda, a pedra e a imagem de São José, o padroeiro de Macapá, impedem que as águas do Rio Amazonas invadam a cidade.

Publicado no Batuque, caderno de cultura do Jornal Correio do Amapá de domingo, 25/10/10.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Hoje é dia do poeta. Viva Fernando Canto

fernandoFernando me elegeu guardiã de seus escritos. Estes versos foram construídos há muito tempo, lá por 1990. Eu os guardo com o carinho de quem ama e os compartilho no dia do poeta.

Recebam como uma oferenda.

MÁXIMA

Planar            
           
    verbo        
      é      
        grafar    
          no  
           

vento

DOR DOR

 

Cântico
objeto

A dor se professa em si mesma por ser a dor combustível

Cântico de
raiva

A dor se processa em silêncio por ser a dor como a reima

Cântico de
obstáculo

A dor se confessa uma causa de interminável impossível ultrapassando o sentido
do tato, do amor perdido

Cântico de
medo

A dor permeia o objeto
dentre os meandros do medo acorda cedo e dejeta
o mundo desconhecido

Cântico do
Homem

A dor não mede o possível
A dor é a origem da espécie

Parabéns Joãozinho Gomes

joaozinhogomes

Muitas felicidades ao compositor e poeta Joãozinho Gomes. Congratulações pelo aniversário e pelo dia do Poeta.

Vinicius de Morais vive.

Momentos do show.

lula jeronimo dulce
andreia ana martel
oneide bastos manoel sobral
fabio_rato1 huan moreira1
pedro taibe rebeca_
fineias venilton leal
fernando_fátima guedes Lula Jerônimo, Dulce Rosa, Andréia, Ana Martel, Oneide Bastos, Manoel Sobral, Fábio Rato, Huan Moreira, Pedro Taibe, Rebeca Braga, Finéias Nelluty, Venilton Leal, Fernando Canto e Fátima Guedes.

Foi um sucesso o encontro marcado no Norte das Águas, ontem (19), para comemorar o aniversário de Vinicius de Moraes. Adriano e Patrícia recepcionaram a todos com a gentileza de sempre.

Lula Jerônimo, Rebeca Braga, Ana Martel, Oneide Bastos, Venilton Leal, Manoel Sobral, Dulce Rosa, Andréia e sua filha desfilaram pelo palco interpretando sucessos inesquecíveis e sempre atuais.

Fátima Guedes, emocionada, fez a apresentação do show relembrando momentos marcantes da vida do “poetinha” e ao final cantou Wave. Lindo.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Eterno enquanto dure

vinicius-de-moraes-divulgacao Vinícius de Moraes, diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor brasileiro nasceu no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1913, completaria, portanto, 97 anos.

Poeta essencialmente lírico, o poetinha como ficou conhecido, notabilizou-se pelos seus sonetos. Conhecido como um boêmio inveterado, fumante e apreciador do uísque, era também conhecido por ser um grande conquistador. O poetinha casou-se por nove vezes ao longo de sua vida.

Sua obra é vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música. No campo musical, o poetinha teve como principais parceiros Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque e Carlos Lyra.

Para José Castello, biógrafo e autor do livro "Vinicius de Moraes: o Poeta da Paixão - uma biografia”, o poeta foi “um homem que viveu para se ultrapassar e para se desmentir. Para se entregar totalmente e fugir, depois, em definitivo. Para jogar, enfim, com as ilusões e com a credulidade, por saber que a vida nada mais é que uma forma encarnada de ficção.”

Certamente Vinicius foi um apaixonado. Apaixonado pela vida e especialmente, pelas mulheres que cruzaram o seu caminho.

Ninguém, até hoje, cantou o amor pelas mulheres como Vinícius: leveza, graça, paixão, enlevo.

Sobre sua obra quase tudo já foi dito e escrito. Suas músicas são cantadas por todas as gerações. Suas frases embelezam cartões e mensagens de e-mails para enamorados.

O Quarteto Amazon Music convida a todos para relembrar canções de Vinícius no Restaurante no Norte das Águas, hoje, a partir das 21:00h, com convidados especiais

A iniciativa desta homenagem partiu de Pedro Taibe, filho do advogado Wagner Gomes que se juntou a Ronaldo Serra e Finéias para materializar o evento.

O interesse de Pedro, um jovem apaixonado pela obra de Vinícius, demonstra que a boa música é eterna.

Cheguem todos.

A “minha” música de Vinícius de Moraes

Ana Martel, cantora e compositora – Chega de Saudade

Lula Jerônimo, cantor e compositor – Um Homem Chamado Alfredo

Fernando Canto, escritor e compositor – São Demais os Perigos Dessa Vida

Rebeca Braga, cantora e compositora – Samba em Prelúdio

Ronaldo Serra, advogado - Se Todos Fossem Iguais a Você

Finéias Nelluty, músico e compositor – Eu sei que vou te amar

Pedro Taibe – idealizador da homenagem – Canto de Ossanha

Cordel Do Amor Sem Fim no Bacabeiras.

cordel A Cia. Teatral “Cores na Rotunda" através de pesquisas e vivências, fez a união da cultura popular Brasileira com a Commedia Dellärte (Itália), teatro espetacular baseado no uso de máscaras e personagens estereotipados, é um gênero antinaturalista que exige dos atores trabalhos exaustivos de corpo e interpretação grotesca.

A Companhia mergulhou neste universo, para levar ao público amapaense uma nova linguagem teatral.

"Cordel do Amor Sem Fim", a história é simples, daquelas de amores infelizes, mas recheada da cultura popular brasileira, contadores e violentos com sua forma sertaneja de contar e cantar os fatos com as notas apaixonadas do violão.

Era dezembro nordestino, eram três irmãs: Teresa, Carminha e Madalena. Teresa estava prestes a se casar com José, quando aparece Antonio em seu caminho. Apaixonada pelo rapaz. Teresa promete esperar o moço voltar para desespero de sua irmã mais velha Madalena e alegria de sua outra irmã, Carminha, louca de amores por José. Devido aos fatos, Teresa fica esperando seu novo amor voltar, e todos os dias vai a beira do cais, enquanto José enlouquece.

Serão desencadeados segredos e paixões nesta dramaturgia da escritora Claudia Barral.

FICHA TECNICA

Elenco

Dan Alves

Sabrina Zahara

Ramon Cristovao

Josias Monteiro

Mauricio Monteiro

Elder de Paula

TEXTO: Claudia Barral


DIRECAO: Ton Rodrigues

TRILHA SONORA: Dan Alves e Jota Mambembe

ILUMINACAO: Marina Beckman

PRODUCAO: Ton Rodrigues


Mais informações: http://desclassificaveis.blogspot.com

Publicado no jornal Correio do Amapá de domingo, 17/10/10

Finéias Nelluty e a música instrumental

 fineias_ Finéias Nelluty é músico, compositor, arranjador e produtor musical. Sua carreira iniciou com seu pai, o professor e maestro Tiago.

Durante três anos, em Cayenne, Guiana Francesa, fez parte da banda New Star. Integrou a banda que acompanhava o cantor Kzan Nery e a banda The Tramp’s. Mais tarde integrou a banda Brind’s, onde permaneceu por sete anos ao lado do músico Vanildon Leal.

Há três anos é líder do Quinteto Amazon Music que se apresenta todas as quintas-feiras no Bar Norte das Águas com a seguinte formação: Israel Cardoso (guitarra), Ezequiel Freitas (contrabaixo), Markinhos Sansi (bateria), Sinei Saboia (trompete) e Finéias (teclado).

É um trabalho inovador e de excelente qualidade na música instrumental amapaense.

Finéias é o idealizador e coordenador do Festival de Música Instrumental do Amapá - FEMINSAP e prepara a 3a edição do Festival para o final do ano.

Publicado no jornal Correio do Amapá de domingo, 17/10/10

Lua Nua vai ser encenada em Macapá.

sol_ Sol Pelaes (47), iniciou sua carreira artística aos 8 anos fazendo teatro na escola. Aos 16 encenou “As Pastorinhas” sob direção das professoras Risalva Amaral e Zaide Soledade.

A partir daí Sol construiu toda a sua vida em torno da arte de interpretar.

Seu trabalho mais representativo é Artaud, encenada pela primeira vez em 1991 e premiada várias vezes. Nesta peça, fala Sol, “posso apresentar toda a minha força dramática enquanto atriz e mulher”.

Em Artaud, Sol contracena com Waldez Mourão, Rechene Amin e Giovani Coelho e faz a direção do espetáculo há sete anos.

Em seu novo trabalho, Lua Nua, Sol contracena com Serginho Sales e Cecília Lobo, sob direção de Genaro Dunas.

Lua Nua é um texto de Maria de Lourdes Torres de Assunção, mais conhecida como Leilah Assunção, autora que se destaca por compor figuras femininas densas, empregando esta ótica para flagrar os conflitos sociais e os jogos de poder.

Lua Nua discute com cáustico humor os problemas de casais.

A previsão para apresentação da peça é fevereiro ou março de 2011.

Publicado no jornal Correio do Amapá de domingo, 17/10/10

domingo, 10 de outubro de 2010

JOHN LENNON, MAIS IMORTAL DO QUE NUNCA!

Publicado no jornal Correio do Amapá de domingo, 10.10.10

Por André Mont’Alverne

21st May 1971:  Ex-member of the Beatles, singer and songwriter John Lennon (1940 - 1980) on the beach at Cannes, France.  (Photo by Central Press/Getty Images) John Lennon, nesse último sábado (09/10), completaria 70 anos. Numa época cada vez mais carente de ídolos originais e relevantes, John Lennon vai se tornando cada vez mais imortal.

Certamente um artista como John Lennon, que fazia questão de expressar o que pensava e sentia, ainda que várias vezes se contradizendo ou criando uma grande confusão com tudo isso, dificilmente se encaixaria em um mundo confuso como o de hoje onde os disfarces, que já faz parte do que nós nos acostumamos a chamar de "moda", escondem a verdadeira natureza do "quem é quem?" ou "de que lado estamos afinal?".

O vazio causado pela ausência de John Lennon parece crescer na mesma proporção em que cresce as nossas dúvidas com relação ao futuro da cultura pop que, diga-se de passagem, é fruto legítimo da passagem de Lennon pelo planeta Terra.

John Lennon, sempre foi o meu Beatle preferido. Parece facil escolher, e há quem diga: "Ah, muito fácil, John Lennon era o líder!". Eu, particularmente, conheço muitas pessoas que escolheram o George pela simplicidade ou o Ringo pela discrição. John Lennon é muito óbvio, de fato, mas as vezes não há como fugir disso. Pois bem, eu fico com o John porque ele era o artista crucial dos Beatles. Os outros integrantes, especialmente George e o Ringo, apenas tiveram sorte de tê-lo por perto. E pronto.

Minha familiaridade com a figura de John Lennon e os Beatles, me remete a minha infância. Eu fui uma criança muito tímida. Eu era tímido ao ponto de não perguntar pra ninguém sobre coisas que eu queria muito saber, e isso se deve ao medo que eu tinha de receber respostas com ar de deboche como: como é que tu não sabe quem é esse cara?? hahaha.

E era exatamente isto que eu queria saber, enquanto eu tomava várias garrafas de refrigerante olhando pra figura de um cabeludo de óculos com lentes redondas desenhado na parede de um bar muito popular em Macapá na década de 80, o Lennon, que ficava aos arredores da Praça da Bandeira onde hoje existe uma pastelaria e uma farmácia.

Tempos depois, quando eu já tinha decidido na minha mente que aquele cara só podia ser o dono do bar, que por algum motivo, nunca estava presente, lá estava eu, vasculhando os discos da minha mãe, e no meio dos Chicos, Gils e Caetanos, eu puxei um disco que mudaria o que eu pensava do mundo. "Olha o dono do bar aqui, atravessando a rua com mais 3 pessoas", pensei. O disco era Abbey Road, um clássico.

Hoje, quase 30 anos depois da sua morte trágica, nas cidades de Liverpool e Nova York, exposições, concertos e cerimônias se multiplicam para comemorar o aniversário de John Lennon.

Liverpool ofereceu-lhe o tributo mais importante, planejado para durar dois meses com mais de vinte eventos no programa com espetáculos, inclusive no Cavern Club, o berço dos Beatles. Um monumento à paz também foi inaugurado ontem pela amanhã pelo seu filho Julian e sua primeira mulher Cynthia.

Em Nova York, onde foi assassinado no dia 8 de Dezembro de 1980 e onde viveu dez anos, a celebração do 70o aniversário de John Lennon aconteceu no City Winery com vários artistas fazendo cover das suas músicas.

O Google também fez a sua homenagem: em seu endereço britânico, o site de buscas adicionou um desenho do rosto do músico à sua logomarca. Ao lado, traz um botão que, quando clicado, torna toda a logomarca animada e toca um trecho da música "Imagine".

A editora EMI lançou uma série de onze álbuns com seus discos solo remasterizados, e, para culminar, Lennon pode ser imortalizado nas moedas britânicas. A Casa da Moeda britânica, Royal Mint, promove pesquisa popular para escolher a efígie que irá estampar uma série de moedas. Shakespeare, Charles Darwin e Isaac Newton já foram homenageados

vaso sanitario de lennon O mito "Lennon" é muito forte e presente ainda hoje em grande parte do mundo. Só para ilustrar: recentemente, um vaso sanitário que pertenceu a John Lennon foi leiloado, por 9.500 libras (mais de 25 mil reais), cerca de 10 vezes o valor estimado inicialmente, durante um leilão de objetos ligados aos Beatles em Liverpool. O vaso foi usado por John Lennon por três anos, entre 1969 e 1972, o que faz aumentar e muito a possibilidade de ele ter composto alguns versos de "Imagine" sentado nesse trono.

Com tudo o que foi dito, falar que John Lennon era genial ou fantástico é uma redundância. Ele partiu pra imortalidade, lugar que pertence somente às pessoas que, como ele, fizeram da sua existência uma grande diferença pra humanidade.

Algumas frases geniais e fantásticas de John Lennon.

“Amo a liberdade, por isso deixo as coisas que amo livres. Se elas voltarem é porque as conquistei. Se não voltarem é porque nunca as possuí.”

"Quando você fizer algo nobre e belo e ninguém notar, não fique triste. Pois o sol toda manhã faz um lindo espetáculo e no entanto, a maioria da platéia ainda dorme"

"Quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém"

"Vivemos num mundo onde nos escondemos para fazer amor! Enquanto a violência é praticada em plena luz do dia."

 

Opinião de alguns artistas brasileiros sobre suas músicas preferidas de John Lennon.

Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura

Imagine“A música mais genial dele é "Imagine". A letra é forte e a melodia é simples, mas intensa. O mais legal é que é uma música que parece ter sido feita em cinco minutos.”

Lobão, músico e apresentador.

Instant Karma – “Gosto do trabalho do Lennon integralmente. No livro mesmo [a autobiografia de Lobão, com lançamento previsto até o fim do ano], falo que tem cinco pessoas que fazem parte da minha alma: Carlos Lacerda, Nelson Rodrigues, Salvador Dali, Nietsche e John Lennon. Então o Lennon é uma pessoa importantíssima na minha vida. Dos discos, pode colocar o "Imagine", "Rock 'n' Roll", "Double Fantasy"... Cada álbum tem uma coisa. "Instant Karma" é uma canção fodaça. Enfim, é um cara que mudou tudo.”

Edgard Scandurra, músico.

Mother“Minha música preferida do John Lennon é "Mother". É uma canção muito sentida, triste, e mesmo assim foi um sucesso. Quando você se aprofunda na vida do Lennon e descobre como era a relação dele com a mãe, vê a razão de ele ter feito essa música.”

Fernando Meirelles, cineasta.

Just Like Starting Over"Pode soar estranho com tanta música boa, mas a que me toca mais é "(Just Like) Starting Over", do disco "Double Fantasy". O disco saiu aqui quase junto com a notícia da sua morte. Ganhei um de natal. No reveillon daquele ano eu estava acabando um namoro com uma menina que eu gostava, tinha tido um rápido caso com outra garota no meio desta confusão emocional e na festa de fim de ano, além delas duas, apareceu uma outra menina que já havia me impressionado. A música não parava de tocar e eu não sabia o que fazer. Acabei ficando com a terceira com quem estou casado há 26 anos.”

FIO DE CAMINHO

Publicado no jornal Correio do Amapá de domingo, 10.10.10

Manoel Bispo Manoel Bispo

Todo caminho é sem rumo

cruza farpados, rios e matagais

faz curva que nem o esse

quem dera, flor, eu pudesse

saber descaminhos mais.

 

Todo caminho é de vaivém

tem andarilho, poeira e pó

visagem na encruzilhada

lua de prata na madrugada

aluminando quem anda só.

 

Todo caminho é atalho

na pressa amiga dos passos

pelas pousadas da vida

é feito uma linha partida

que a gente junta os pedaços.

 

Todo caminho é sem tino

anda de frente pra trás

passa por todos os cantos

leva gente, recados e quantos

amores, para nunca mais.

 

Corro com as pernas do vento

mãe d'água quer me agarrar

beira de rio me fascina

faz tontear minha sina

canoa dá sede de viajar.

 

Fio de caminho me leva

de mim querendo esquecer

que nem menino encantado

sorrindo e sendo levado

pras bandas do endoidecer.

________________

Manoel Bispo é artista plástico, compositor e poeta.

Publicado no livro Canto dos Meus Cantares. GEA/SEC. Macapá, AP. 1990.

Dia do Compositor

Publicado no jornal Correio do Amapá de domingo, 10.10.10

compositores_ O Dia do Compositor é comemorado no Brasil no dia 7 de outubro e tem passado quase despercebido. É a data consagrada aos responsáveis por momentos de enternecimento, euforia, tranqüilidade, paz, euforia, excitação, rememoração. Todos estes sentimentos perpassam aqui e ali ao som da música.

A música, cujo termo vem do grego musiké téchne significando a "Arte das Musas", tem a propriedade de registrar, de forma indelével, um espaço dentro do tempo.

Todas as gerações tiveram e têm suas músicas marcantes, assim como os eventos e acontecimentos históricos. O compositor faz isso: registra através da música, aquele determinado período, tanto da sociedade quanto do indivíduo.

Nós, do Correio do AmapḠao publicarmos este mosaico de compositores amapaenses, cumprimentamos a todos os profissionais que nos brindam com seus talentos para embalar nossas vidas.

ALGUNS TOPÔNIMOS LOCAIS

Publicado no jornal Correio do Amapá de domingo, 10.10.10

Fernando Canto

Fernando Canto_ Longe de mim a ideia de realizar estudo linguístico aprofundado sobre palavras de origem indígena. Porém, dada a insistência de algumas pessoas em perguntarem o significado do nome de certas localidades próximas de Macapá, e em função de ouvir gente falando coisas que nem sequer se aproximam do real sentido do termo, resolvi desvendar alguns deles.

Esta pequena toponímia tem como fonte alguns estudos lexicológicos consagrados como o Vocabulário Tupi-Guarani Português, do professor Silveira Bueno e o Dicionário Histórico das Palavras Portuguesas de Origem Tupi, de Antônio Geraldo da Cunha, prefaciado por Antônio Houaiss, entre outros estudos.

Como se sabe, topônimo é a forma generalizada de denominar lugares – como cidades, vilas, montanhas, rios e acidentes geográficos diversos. Trata-se de um estudo difícil, em face da migração de grupos tribais, sobretudo na Amazônia, onde muitas palavras de origem tupi se confundem com as oriundas do tronco linguístico caribe ou caraíba. Silveira Bueno diz que “Nem sempre é fácil desentranhar o verdadeiro significado da palavra, colhido nos elementos construtores do vocábulo. A separação de tais elementos admite diversidades, decorrendo disso o fato muito comum de um topônimo apresentar duas ou mais interpretações”. É o caso da palavra Macapá. Segundo T. Sampaio, significa o pomar das macabas (bacabas). De ma-caba = a coisa gorda, oleosa. Entretanto a palavra bacaba vem de ybá (árvore frutífera) + cabá (sebo, gordura), ambas de origem tupi. Para o padre Ângelo Bubani, que escreveu o texto Pistas para a História da Evangelização do Território do Amapá, a palavra Macapá significa “queimar”, “cuspir fogo”.

Lago do Curiaú A palavra Curiaú também traz algumas controvérsias. Uns acham que se trata de uma onomatopéia, que quer dizer lugar de criar boi, mas ela vem mesmo do tupi: curiá-u = o viveiro, a ceva, o comedouro dos curiás (patos do mato, pequenos patos da água doce). Já o nome Amapá tem dois significados: o lugar da chuva, de origem tupi, e terra que acaba, de origem caribe. Curicaca é ave ciconiforme (forma de cegonha) da família dos tresquiornicídeos (como os guarás, flamingos e garças). Carapanatuba vem de carapanã + tyba ou tuba = muito. É lugar, portanto, de abundância de carapanãs. Cujubim é ave galiforme (forma de galinha) da Amazônia; Cunani é uma planta entorpecente semelhante ao timbó e Curuá é um tipo de palmeira abundante no Bailique, que por sinal significa ilha dos Aruãs (índios antigos habitantes do arquipélago do Marajó) ou ainda, mais poeticamente, ilhas que bailam. Cajari é rio dos cajás (tipo de taperebá), assim como Jari é o mesmo que rio das iaras. Caviana é igual a caviúna, que quer dizer madeira preta, de lei, usada na construção civil. Há, no Estado, muitos lugares denominados Pirativa. Essa palavra significa pesqueiro, ou lugar onde os peixes são cevados. De pira = peixe e tyba, sufixo que indica grande quantidade. Ambé é uma variedade de cipó e Meruoca a casa, o local dos mosquitos, assim como Matapi, que é um covo de pescar, oblongo, o mesmo que jiqui. Itaubal é um local de muita itaúba (de itá = pedra + ubá ou yba = árvore), ou seja: árvore de pedra. Já Piririm vem de pira + y + im = rio de peixe pequeno.

Rio Maruanum Crônicas antigas fazem inúmeras citações de grupos indígenas do Amapá, como os Maraunuz, que habitavam as imediações do forte de Cumaú, dos holandeses (município de Santana) e os Cumaúzes (Macapá), mas seus significados se perderam. É possível que a palavra “Maruanum” venha de mberu = mosca, mosquito + anum = ave que se alimenta de mosquito (maruim) e outros insetos. Pronunciamos no dia a dia sem refletir várias palavras que não sabemos o que quer dizer como: Pacoval, que vem de pacova = banana; buriti, de mbiriti, que é árvore que emite líquido. Araxá, que é “a vista do mundo”, “o panorama”. Ariri, rio de água corrente. Araguari que é o mesmo que rio do vale dos papagaios, ou rio da baixada dos papagaios, ou das araras. E tantas outras palavras.

Mas, se estamos falando de lugares, convém dar o significado a denominações que sem querer geram as mais variadas interpretações especulativas, como por exemplo Cupixi, que provavelmente vem de cu = língua, o órgão da fala (como em pirarucu = peixe de língua), e pixé, gosto de peixe queimado. Outra palavra é Anauerapucu que, segundo Bubani, é morcego comprido. Não concordo com essa acepção porque morcego em tupi é andyrá. É possível que venha de anauerá, do tupi anawi’rá, que é árvore da família das rosáceas (licania macrophylla), madeira usada na construção civil, e de pu’ku = comprido, longo. Anauerapucu significa, então, anaureá comprido. Nada mais do que isso.

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Extraído no livro “Adoradores do Sol – Novo Textuário do meio do mundo”. Scortecci. São Paulo, SP. 2009.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Simplesmente Ana Martel

Por Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4   

foto Márcia do Carmo Ela é Ana, Ana Martel, intérprete e compositora de temas cujos títulos lhe refletem a alma, “Simples Assim”. “Seu Lugar” é a Amazônia. Seu “Doce Cantar” voa e diz “Bom Dia, Maria”, a tantas Marias que povoam as terras macapaenses. A “Solução” pode estar no rio que dá água de beber ao “Pássaro Que Passou” fazendo uma sombra que se misturou à dela para alçarem voo juntos. Ana Martel tem olhar atento ao mundo, mas, de vez quando, fica “De Olhos Fechados”, para assim melhor enxergar. Assim é Ana, simples assim, Ana Martel.

Sou Ana – disco independente com patrocínio da Eletrobrás a partir do incentivo da Lei Rouanet – traz, além das sete músicas já mencionadas no parágrafo anterior, “Toque de Caixa”, parceria de Ana com Zé Miguel, e também “Sou Ana” (Sérgio Souto e Enrico di Miceli), “Branca no Samba” (Biratan Porto, Paulo Moura e Marcelo Sirotheau) e “Mal de Amor” (Joãozinho Gomes e Val Milhomem).

Ana é macapaense. Por seu canto e por seus versos se pode suspeitar que, ainda menina, ela foi à boca da brenha e gritou: “Prazer, sou Ana!”. A resposta não tardou: “Prazer, sou a floresta!”. Desde esse dia as duas se tornaram corda e caçamba, amigas inseparáveis, como se feitas uma para a outra.

Por seu frescor contemporâneo, a música de Ana Martel está impregnada de força amazônica. Sua voz tem a afinação dos passarinhos que cantam e voam sobre a copa das maiores árvores da floresta. Suas boas soluções melódicas vêm límpidas como o vento que abençoa enquanto esparrama benefícios.

A bateria tocada por Edvaldo Anaice encabeça as levadas, enquanto as percussões de Marcio Jardim e o poder dos tambores de marabaixo e de batuque, estimulados pelas mãos de Nena Silva, revelam a pujança rítmica de algumas das músicas de Eu sou Ana. A flauta tocada por Esdras de Souza tem destaque em ao menos cinco delas. O baixo de Príamo Brandão, ora elétrico, ora acústico, acentua a cozinha e dá peso às onze faixas do álbum. Os violões de náilon e de aço, bem como a guitarra de Davi Amorim, agregam riqueza melódica a pelo menos quatro canções.

Os arranjos foram divididos entre o bom pianista, tecladista e organista Jacinto Kahwage (seis) e o igualmente competente pianista, bandolinista, violinista e acordeonista Luiz Pardal (cinco). O resultado é uma agradável combinação de sonoridade e ritmo que propicia intensidade ainda maior aos versos e uma ampla visão da musicalidade amazônica.

Palmas para os compositores macapaenses, parceiros ou não de Ana Martel, eles que verbalizam o viver da gente do extremo norte do Brasil. Palmas para os instrumentistas que tocam seu belo trabalho à margem do que se escuta no restante do país. Palmas para Ana Martel, ela que trata de descrever e cantar a sua gente de Macapá, de Belém e de toda a Amazônia. Ana que parece entoar um colossal grito de “gracias a la vida” (ainda que nada tenha a ver com Mercedes Sosa), ao amor e em louvor à terra, à floresta e à música.

Foto: Márcia do Carmo

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Texto publicado na coluna deste final de semana no Diário do Comércio (SP), Meio Norte (Teresina), Jornal da Cidade (Poços de Caldas), A Gazeta (Cuiabá) e Brazilian Voice (uma publicação voltada para os brasileiros residentes em toda Costa Leste dos EUA).

Publicado no jornal “ Correio do Amapá de domingo, 03.10.10

Val Milhomen, o poeta do formigueiro

Por Renato Flecha

Val Milhomem_ A música é, com toda certeza, a arte mais sublime, pelos menos para mim. Hoje falaremos de um dos grandes letristas de nossa terra, Val Milhomen. Compositor amapaense, aos 19 anos foi um dos fundadores do grupo “Nós”, que participou de festivais de música nos idos dos anos 80. As canções eram recheadas de expressões e orgulho e consciência regional. Uma geração que consolidou a base do que hoje chamamos de Música Popular Amapaense (MPA).

O compositor foi premiado pela primeira vez em 1983, no 3º Festival do SESC Amapá. Sua recompensa foi a gravação de um compacto simples, o saudoso e Cult disco de vinil. Em 1992, Val Milhomen gravou o seu primeiro disco, “Formigueiro”, onde homenageou a comunidade homônima, localizada no centro da cidade velha Macapá, atrás da Igreja de São José, onde o compositor cresceu.

Milhomen também foi um dos fundadores do Movimento Costa Norte, que fortaleceu a música regional e chamou a atenção do Brasil para a musicalidade amapaense. O compositor teve seu trabalho registrado na primeira coletânea do movimento, juntamente com os cantores Amadeu Cavalcante, Zé Miguel e Osmar Júnior. Além destes, outro grande parceiro seu é o cantor e compositor paraense, Joãozinho Gomes.

Em setembro de 1996, lançou o CD Planeta Amapari, indicado ao Prêmio Sharp no ano seguinte. Só o fato de concorrer a uma premiação deste porte, é motivo de orgulho para os filhos desta terra. Em 1997 com a adesão de Amadeu Cavalcante, foi criado o grupo Senzalas, que chegou a fazer shows Brasil a fora.

Em 2005 Val Milhomem gravou o CD Constelação de Parentes em parceria com Joãozinho Gomes, lançado em 2008. No mesmo ano, classificou a música Barco Negreiro, no I Festival A Nova Música do Brasil, da TV Cultura, defendida pelo grupo Senzalas. Seu último trabalho foi o CD “Tambores do meio do mundo”, com o grupo Senzalas. Para 2011, Milhomen tem o projeto de lançar um CD autoral com músicas gravadas por outros intérpretes e algumas inéditas. De acordo com o artista, os ritmos amapaenses Marabaixo e o Batuque lhe inspiram e norteiam seu trabalho.

“Sempre pensei em criar algo que pudesse ser identificado como música amapaense. O marabaixo e o batuque sempre estiveram envoltos em preconceito. Daí minha identificação com estes ritmos. Procurei utilizar o marabaixo e o batuque como base de minhas músicas na expectativa de criar algo novo, algo que popularize nossa música de raiz e caia no gosto do Brasil e do Mundo. Por isso vivo buscando, cada vez mais, novas experimentações”, disse Val.

Nossa música é pouco divulgada, por isso “é necessário buscar novas formas de divulgação para que música amapaense chegue aos ouvidos da juventude, pois os jovens sempre são sedentos por novidades”, continua Milhomen.

Das mais de 500 composições registradas em seu repertório, Val destacou a música “Formigueiro” como aquela que ainda hoje lhe traz um grande prazer de ouvir, por ter sido concebida em seu local de nascimento e fala de sua raiz.

Por sua história e contribuição para a música amapaense, Val Milhomen é respeitado e festejado em nosso Estado. Para um artista do Norte, isso é no mínimo fantástico. Pois, como disse Humberto Gessinger, estamos “longe demais das capitais”

Formigueiro

          Val Milhomen

Amanheceu vento que me embala

Sou formiga que trabalha

Sou de fogo, sim

O sol nasceu bateu na minha cara

Não espero a cigarra

Vir cantar pra mim

Vou fazendo o meu destino

Eu não paro não senhor

O meu reino é um ninho

Onde não impera a dor

Vou atravessando o tempo

Sem temer o temporal

São José tá sempre atento

No portão do meu quintal

Meu coração é um formigueiro

É moleque é corriqueiro

É tempero de sabor

Um batuqueiro que não cansa de folia

Afluente de alegria

É um reino sedutor

Publicado no jornal “ Correio do Amapá de domingo, 03.10.10

COMO VIVIAM NOSSOS ANTEPASSADOS NO BAILIQUE E OUTRAS DUREZAS

Decleoma Lobato*

Decleoma Dona Maria, desde quando vocês moram neste lugar? Essa pergunta quem fez foi a dona Domingas. E foi muito boa porque aí minha avó pegou uma cadeira, sentou e começou a contar coisas de outras épocas. Ela disse que só passou a morar nesse terreno depois que casou com o meu avô. Ele já vivia lá. Antes essas terras pertenciam a um grande comerciante que existiu na região, o seu Hermógenes. Depois que os filhos desse senhor cresceram e foram morar em Belém e a esposa morreu, ele resolveu ir viver junto dos filhos e vendeu as terras. O pai do meu avô comprou uma pequena parte.

Nessa época eles viviam de cortar seringa, juntar caroço de muru-murú, castanha de andiroba, ucuúba e de fazer pequenas roças onde plantavam milho, banana, mandioca, arroz. Eles caçavam muito, jacurarú, jacuruxi, sucurijú, jibóia, para vender o couro. Matavam os animais, tiravam a pele, esticavam com tala e quando secava eles vendiam. O pai do meu avô também era carpinteiro naval. Ele e os filhos, que ele mesmo ensinava, trabalhavam na construção e calafeto de embarcação.

O trabalho de coleta das sementes era feito na maior parte pelas mulheres e crianças, que geralmente, coletavam durante a semana e no sábado iam entregar no comércio, recebendo em troca, café, açúcar, sabão e outros produtos.

Depois do casamento, minha avó veio morar com a família de seu esposo e depois de alguns meses o casal se mudou para uma casa própria construída ao lado. Lá nasceu a minha mãe e um irmão, já falecido, meu tio Júlio, pai da minha prima Iraci.

Com os filhos dos meus avós aconteceu o mesmo que acontece com a maioria, no interior. Cresceram e tiveram que mudar para a cidade para poder continuar estudando. Parece que meu tio Júlio se alistou no Exército, porque tem uma estória que diz que ele participou de uma guerra no Estado do Pará, parece que foi numa guerra que ocorreu em Marabá, no sul daquele Estado. Contam que meu avô fez uma promessa para São Benedito, aí meu tio voltou. Ele veio baleado, mas voltou. Meu avô mandou construir essa capela. Todos os anos eles festejam São Benedito.

Dentro da capela tem muitas imagens de santos. Algumas são de madeira, outras são de argila ou de gesso. Algumas estão bem conservadas, outras estão mais estragadas, mas todas a minha avó cuida com muito zelo. Toda semana ela troca as roupas dos santos. E todos os anos, na época da festa de São Benedito, eles recebem roupas novas, que geralmente são doadas por pessoas da comunidade como pagamento de graças alcançadas. Também fitas de várias cores são doadas e amarradas nas imagens, como pagamento de promessas.

A festa do padroeiro é um acontecimento grandioso. Durante nove dias acontecem ladainhas às noites. No primeiro dia é levantado o mastro do santo e no último dia acontece a derrubada, uma pequena procissão e depois da ladainha, um baile. Durante o baile são leiloadas as ofertas dos devotos, frutas, animais, utensílios agrícolas e de cozinha, doces, etc.

Minha avó falou que esses santos são herança de família. Ela é muito religiosa, e conta que esteve doente e fez uma promessa aos santos, prometeu que se recupe

rasse a saúde, trabalharia durante o resto de sua vida com gosto e satisfação para cuidar deles e da igreja. (Entre mãe-do-mato, cobra grande, botos e “mocós” – Uma Aventura no Bailique. S.ed. Macapá, 2005)________

Decleoma Lobato Pereira é historiadora e escritora.

Publicado no jornal “ Correio do Amapá de domingo, 03.10.10

CARLA NOBRE POR CARLA NOBRE

carla nobre_ Sou amazônida e amapaense e moro bem no meio do mundo. Casada com meu amor Benedito Alcântara, temos dois tesouros, o Ernesto Luiz e Bárbara Marina e já estamos encomendando o terceiro. Sou professora de literatura e língua portuguesa e sempre soube que minha vida estaria ligada à magia das palavras. Quando eu era criança e olhava o fim do bairro onde nasci, o Buritizal, achava que se corresse bem, eu poderia tocar os horizontes. Hoje eu não penso mais, eu toco mesmo, com toda a alegria exuberante que emerge de mim, em cada prêmio que ganho, em cada obra que escrevo...

O AMOR É URGENTE

O amor é urgente

Não sabe esperar

Mente

Quem diz que ele é calmo

O amor é quente

O amor não sabe de horas

Não almoça

Não trabalha

O amor é uma mola

de colchão

esperando gemidos

o amor é tensão

O amor é grunhido

Primitivo

Taxativo

O amor é passagem só de ida

Destino ferido

Mente

Quem diz que ele podar certo

Um grande amor

É sempre proibido

Extraído do livro “Coletâneas (Poetas, contistas e cronistas do meio do mundo)”. Projeto Samaúma de Literatura Amapaense. Manoel Bispo (org.). s.ed. Macapá, 2009.

Publicado no jornal “ Correio do Amapá de domingo, 03.10.10

Osmar Jr. em DVD

Por André Mont’Alverne

osmar Osmar Jr. está lançando o seu mais novo trabalho, o DVD "Osmar Jr. no Bar do Abreu". Este trabalho foi gravado no Bar do Abreu em um show em julho de 2008, e gerou o CD, lançado em 2009 e o DVD disponibilizado agora ao público.

O DVD, produzido pela Vídeo Mega produções traz uma idéia do que foi o show e adiciona imagens da cidade de Macapá e um pouco do cotidiano deste poeta amapaense que sempre está propondo uma boa novidade na cultura deste Estado.

A canção “O Abreu Abriu o Bar” foi composta entre um copo e outro no próprio bar, onde Osmar Jr. se sente em casa. Osmar Jr. reuniu amigos para apresentar seu show de forma intimista. O palco montado entre as mesas do bar e grades de cervejas empilhadas junto à parede cria uma atmosfera totalmente informal dando ao telespectador a impressão de estar sentado em uma das mesas do Abreu, enquanto assiste ao show.

Em "Pedra Negra", composição e melodia de Fernando Canto, Osmar Jr. canta sobre a importância de um equilíbrio ecológico na exploração das pedras preciosas do estado e as imagens do bar se revezam com imagens de navios que passam na frente da cidade de Macapá, a música ganha um ritmo um pouco mais acelerado.

Neste trabalho, Osmar Jr. apresenta, ainda, clipes das canções Kizomba, Sabiá Saudade, A Morada do Topo do Mundo, Tarumã das Estrelas, Pedra do Rio, de sua autoria e Blues de Vinha D’Alho, em parceria com Walter Freitas; A Brasileira, em parceria com Roneri e Ilha do Marajó, de Zito Borborema.

Um trabalho bem elaborado que merece ser adquirido e disponibilizado para todo o Brasil.

O DVD pode ser adquirido com o próprio Osmar Jr., telefone 8132-7530, na Banca do Dorimar e na Casa do Artesão.

O ABREU ABRIU O BAR

Osmar Júnior

Quando esse samba iluminou

Abriu-se o seu, meu bar do Abreu

Lá são canções são ilusões

Boêmios são o bar do Abreu

Dá para ver aquela luz

Que tem na noite da avenida

Dá pra falar dessa saudade

Da tua maldade, minha querida

Eu bebo um papo com o Hindu

Eu grito “fogo”

Eu sou mais um

Isnard, Fernando, Alcy, Ronaldo

Eu dei um salto pra poesia

São jogadores, são poetas

São professores da nostalgia

Eu vou pro mar e bebo em paz

Já que o l’argent é só final de mês

Publicado no jornal “ Correio do Amapá de domingo, 03.10.10

Newton Cardoso, o militante cultural esquecido

Por Renato Flecha

Newton Cardoso_ Existem, em todo lugar, algumas injustiças históricas. Dizem que o brasileiro não tem memória. Concordo. No Amapá não é diferente, o pioneiro do antigo Território Federal do Amapá e militante da cultura local, Newton Cardoso, é um destes casos.

Natural de Uruçuí (PI), o militar piauiense, herói da Segunda Guerra Mundial, veio para Macapá em 1946, a convite de seu amigo e então governador do antigo Território Federal do Amapá, Janary Gentil Nunes. Cardoso se estabeleceu na capital e por aqui constituiu família.

No mesmo ano, na capital amapaense, Nilton, que entendia de cultura em várias vertentes, deu grandes contribuições para nossa Macapá. Foi o fundador da Biblioteca Pública de Macapá, hoje Biblioteca Elcy Lacerda.

Em 1948, foi fundador e diretor do Museu Territorial, que funcionava dentro da Fortaleza de São José. No ano seguinte, Newton foi pioneiro em expedições arqueológicas no Amapá, onde acompanhou arqueólogos americanos em escavações pelo Rio Macacá, Rio Vila Nova, Rio Araguary e município de Amapá.

Daí não parou mais, se especializou em Arqueologia, explorou e mapeou sítios arqueológicos nas regiões de Cassiporé, Cunany e Calçoene, além de territórios indígenas. Versátil, também trabalhou com Zoologia e ocupou vários cargos do serviço público local. Em 1963, voltou a trabalhar com cultura, pois foi nomeado diretor do Museu Joaquim Caetano da Silva, em Macapá.

Durante suas aventuras, Newton Cardoso acumulou um grande acervo histórico. Ao deixar o serviço público, em 1963, doou ao Museu Territorial cerca de 4916 peças de Zoologia, 254 de Arqueologia, das antigas civilizações indígenas do Amapá. Entre elas, urnas funerárias antropomorfas e zoomorfa; uma coleção e moeda e cédulas antigas, além de duas coleções do Jornal Pinsônia, primeiro impresso amapaense.

Essas peças estão catalogadas e expostas no Museu Joaquim Caetano da Silva, no centro de Macapá.

O velho militante cultural e pioneiro do Amapá morreu em março de 1987, aos 68 anos, vítima de um infarto fulminante. Segundo seu filho, Enilton José Cardoso, não existe nada com o nome do pai, nenhuma rua ou qualquer outra homenagem a este cidadão que contribuiu, e muito, para as peças deste grande quebra cabeça, chamado história. Uma falha que ainda pode ser corrigida.

Publicado no jornal “ Correio do Amapá de domingo, 03.10.10

domingo, 3 de outubro de 2010

Grupo Pilão no Programa Olimpio Guarani

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Bastidores da gravação da participação do Grupo Pilão no Programa Olimpio Guarani apresentado no domingo, 03.10.10.